São nuvens iridescentes, numa fotografia tirada de dentro de um avião que sobrevoava o Quênia. A imagem é de 13 de novembro de 2013. Ela será o ponto de partida deste post
Na verdade, as nuvens iridescentes não são um tipo especial de nuvens (como as nuvens mesosféricas ou nuvens noctilucentes): são apenas nuvens que sofreram o processo de iridescência, independentemente de sua classificação, embora o fenômeno normalment é observado associado a nuvens altocumulus, cirrocumulus, cirrus e nuvens lenticulares (Altocumulus lenticularis).
A iridescência é um fenômeno de difração, causado pelas gotículas d’água e cristais de gelo que compõe a nuvem. Cada um desses elementos desvia a luz individualmente. Em nuvens Cirrostratos, os cristais de gelo são um pouco maiores e temos um fenômeno de difração um pouco diferente, que são os halos.
Denomina-se difração o desvio sofrido pala luz ao passar por um obstáculo, com as bordas de uma fenda ou um anteparo (veja mais aqui).
Pode-se ver a difração da luz olhando-se para uma fonte luminosa distante, tal como um anúncio de néon através da fenda formada entre dois dedos, ou observando a luz que escoa pelo tecido de um guarda-chuva. Em geral os efeitos de difração são muito pequenos, devendo ser analisados e investigados minuciosamente.
Esse fenômeno normalmente ocorre quando a nuvem está próxima do disco solar e é mais fácil de ser visto quando o disco solar está oculto. No exemplo abaixo, vemos que o disco solar está oculto pela própria nuvem:
Há outros exemplos semelhantes, em que o fotógrafo cobriu o disco solar com os galhos de uma árvore ou o disco já estava oculto por uma montanha, por exemplo. A iridescência é quase sempre vista nas bordas das nuvens. As bordas das nuvens são mais tênues, possibilitando que cada um dos elementos (cristais de gelo ou gotículas d’água) possa receber muitos raios solares. O efeito cumulativo da difração feita por cada uma desses cristais dá origem a variedade de cores que podemos observar no fenômeno.
A iridescência normalmente acontece em nuvens com distribuição variada de tamanho de gotículas e cristais de gelo. A iridescência ocorre apenas nas regiões da nuvem em que os cristais de gelo ou gotículas são menores. Se uma nuvem é relativamente grande e possui uma distribuição homogênea de tamanhos de gotículas, teremos um outro fenômeno óptico: a corona.
Em 2012, o estudante Matheus Souza Camargo, de 13 anos, fotografou nuvens iridescentes no Mato Grosso do Sul. As nuvens coloridas chamaram sua atenção e ele as fotografou. Veja a reportagem aqui.
E no final de 2012, meu querido Jonatas Oliveira me procurou. Ele estava fazendo uma matéria pro G1, em que falava de algumas fotos tiradas pela astrônoma amadora Meire Ruiz. O Jonatas me procurou para pedir uma opinião sobre as fotos. Um dos fenômenos fotografados era uma nuvem iridescente:
Nuvens iridescentes, halos e coronas não são fenômenos que a gente vê todos os dias, mas também não são tão raros. Talvez nossa mudança de hábitos (em geral, passamos mais tempo em ambientes fechados do que ao ar livre, enquanto nossos antepassados viviam mais ao ar livre) seja responsável por essa falta de contato com a natureza. Acho que perdemos um pouco do costume de observar o céu, os pássaros, as plantas, etc.
Há um site da NASA chamado APOD (Astronomy Picture of the Day). Esse site divulga diariamente uma foto + uma explicação sobre essa foto. Claro que esse site inspirou o Imagem do Leitor, que temos aqui.
Abaixo, minha tradução livre:
Por que uma nuvem apareceria com cores diferentes? Um fenômeno relativamente raro chamdo nuvens iridescentes mostram um espetáculo de cores variadas, muito vívidas. Essas nuvens são formadas por pequenas gotículas de tamanho aproximadamente uniforme. Quando o Sol está numa posição ideal, normalmente ocultado por nuvens mais espessas. essas nuvens mais tênues difratam a luz de maneira coerente, com diferente cores sendo defletidas em diferentes intensidades. Sendo assim, o fenômeno terá cores diferentes, dependendo do posicionamento do observador.
Vejamos alguns vídeos do Fenômeno
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